domingo, 3 de maio de 2009

Travessia

Eu não lembro onde eu li, mas eu li. Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1968) foi escrita em uma folha de carderno escolar e entregue a Milton em uma mesa de bar pelo próprio Brant - o principal parceiro musical de MN.

Tem dois livros que são emblemáticos para quem gosta de música mineira (como eu) e acredita que Milton é o maior cantor do mundo. Leiam 'Os sonhos não envelhecem' (Márcio Borges - é irmão de Lô Borges)e 'Travessia' (Maria Dolores - criatura concluiu o curso de comunicação social editando uma biografia de Milton! Acreditem!).

Mas este post é para Travessia. Eu não sei por que o pessoal adora colocar um trecho dela na seção de frases dos convites de formatura (eu já perdi as contas de quantos que eu já vi).

Essa letra é tão forte, tão poderosa e tão cheia de significado, que toda vez q eu ouço, eu me reconheço nela.

Ela foi escrita em 1968. Minha mãe nasceu em 56 e, portanto, só tinha 12 anos e nem pensava em me produzir com o meu papai. Como é que algo escrito em 1968 pode me retratar tão bem? É por isso que eu defendo que tem muita gente iluminada neste mundo para enxergar à frente.

Eu lembro que ela foi escrita de uma forma despretensiosa, para concorrer a um desses festivais de música da época. Acabou ficando em segundo lugar no festival da Globo e foi defendida pelo próprio Milton.

Lembro também que Fernando só tinha a letra e foi MN quem providenciou a melodia em uma tarde de sábado. O resultado foi uma espécie de cartão de visitas, número de CPF ou certidão de nascimento de Milton.

Quem não conhece a produção de MIlton, conhece Travessia. Eu avaliou que ela ficou tão popular por causa do último trecho: "já não sonho, hoje faço com meu braço o emu viver". Funciona com alento, um acalanto para quem já passou por tanta coisa, quis desistir, mas voltou atrás e decidiu tentar com as próprias forças.

Sonhar é importante,sim. Mas criar suas forças é mais ainda.

Esta música não é uma despedida e nem uma dor de cotovelo. É um tremendo desabafo de quem precisa buscar seu caminho, apesar de tanta pedra.

É por este motivo que eu me reconheço em praticamente todas as frases, em todos os sentidos.

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