domingo, 19 de julho de 2009

Rota 66 - A história da polícia que mata

Caco Barcellos é leitura obrigatória entre a maioria dos estudantes na faculdade de Jornalismo (sim, senhores ministros, eu escrevi FACULDADE!). Pois bem, não sei em que planeta eu estava quando pulei esta etapa e só deixei para ler 'Rota 66 - A história da polícia que mata' sete anos depois de formada.

Talvez este pecado tenha sido necessário para poder entender o quanto o livro é desafiador. Caco Barcellos fez um trabalho de pesquisa impressionante, ao conseguir criar um banco de dados paralelo e que identificou mais de 3.800 vítimas da Polícia de São Paulo entre 1970 a 1992.

Neste árduo levantamento, ele revela que 65% das vítimas eram inocentes. Além dos número, ele conseguiu um rápido perfil social e econômico: grande parte também era negra ou parda, jovens e moradores de periferia.

Para chegar a esta radiografia, Barcellos desenvolveu um intenso trabalho de pesquisa e de apuração in loco e que foi motivado a partir das matérias publicadas no jornal 'Notícias Populares'. Na época, o jornal sempre trazia notícias de tiroteios com mortes e se baseava exclusivamente nos boletins emitidos pela Polícia. Foi justamente a frequencia desses tiroteios que chamou a atenção de Barcellos.

Com base nesta perpectiva de descobrir perfis e fatos que justificassem os assassinatos, que Caco Barcellos vai a fundo e encontra parentes e amigos das vítimas. As histórias mais impressionantes foram transcritas no livro, que mantém uma linguagem simples e direta, sem qualquer apelação para o fato de lidar com a violência das ruas.

Rota 66 é um livro capaz de provocar indignação. Do ponto de vista jornalístico, é uma aula de pesquisa e de esforços em busca da informação precisa.

Um comentário:

  1. Não sei se serve muito mas eu também não lí o livro na universidade... nem depois dela - ainda!! =)

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