Sei que estou atrasada nas manifestações contra a decisão do Supremo Tribunal Federal de não exigir o diploma de nível superior para exercer a profissão de Jornalista.
Analisei muito sobre a decisão, li comentários de toda a classe, editoriais de empresas de comunicação e ouvi angústias dos estudantes que foram pegos de surpresa e se questionaram o que estavam fazendo na Faculdade de Jornalismo depois de uma tempestade como esta.
A minha reação não poderia ser diferente: indignação. Para a mais alta corte do país, capaz até de julgar o presidente da República, jornalista não precisa ser capacitado e muito menos ter o 'dom' para escrever. Para os senhores ministros, qualquer pessoa pode redigir uma matéria, editá-la, pensar a diagramação da página e elaborar a capa do jornal. Tudo isso em nome da liberdade de expressão, que foi utilizada como álibi da tirar nosso diploma.
Parecem funções muito simples, não é ministros? Pois bem. Quero dizer a vocês que Jornalismo é técnica. E pergunto aos ilustres ministros se eles sabem o que significa Pirâmide Invertida.
Esta é a primeira lição que se aprende quando se estuda Jornalismo. E só aprende com treino, apuro e insistência. Tem que estudar, tem que ler. Ninguém nasce sabendo como se faz um lide. E não é a redação de um jornal, de uma tv, rádio ou internet que vai ter a paciência para te ensinar - ela quer que você já chegue pronto. Porque o que se espera de um profissional hoje é, no mínimo, qualificação.
Estamos na Era do Conhecimento e do Multiculturalismo. As fronteiras foram quebradas. Quem tem conhecimento, chega mais rápido. E o Jornalismo não foge disso. Jornalismo lida com vidas, com o cotidiano. Qualquer um de nós pode
A produção intelectual das Escolas de Jornalismo no Brasil é riquíssima. Já li e tenho lá na minha estante diversos livros editados a partir de trabalhos realizados nas redações, com fontes, com leitores.
O Jornalismo é uma atividade complexa, caros ministros. Uma página editada de um jornal leva um dia inteiro de trabalho. Para manter um portal de notícias na Internet, é preciso faro jornalístico e muita capacidade de decidir o que merece destaque ou não.
Quanto à liberdade de expressão, tenho a dizer que a Internet hoje é a maior ferramenta a favor desta ideia. Blogs são criados a cada minuto. É o espaço para se discutir e pensar, cada um dentro do que se deseja escrever.
Mas com a vida das pessoas é diferente. Aprendi que a melhor manchete é aquela que afeta o maior número de pessoas possível. É por isso que, para decidir como esta manchete vai ser criada, é preciso qualificação.
Senhores ministros, o Jornalismo é complexo. Pensem nisso.
Inúmeras pessoas hoje estudam direito para fazer concursos públicos, tem uma ótima argumentação. Isso os torna capacitados para sair advogando? As leis estão lá! Basta lê-las para se dizer advogado?! Por que com o jornalismo basta saber escrever pra ser jornalista?! Pensar... Acho que eles nunca quiseram isso realmente...
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