Chico Buarque, aí vai um conselho: não escreva livros. Apenas continue compondo.
Confesso que comecei a descobrir a obra de Chico há pouco tempo, mas já é o suficiente para admirá-lo como compositor e arranjador impecável. Algumas de suas músicas eu não contenho o choro mesmo.
Só que como escritor, Chico, continue compondo. Leite Derramado, seu mais novo título, é um suplício. São 195 míseras páginas e eu levei quase um mês para terminar de ler porque simplesmente é muito chato.
A narrativa é cansativa e lenta. O livro se resume a contar os devaneios de uma pessoa (Eulálio, no caso!) prestes a morrer, interno em um hospital e que passa a rememorar a sua vida, incluindo sua família até os amores mal resolvidos.
Só que para o leitor saber o que realidade ou devaneio é algo dificílimo. Não existe uma linha, uma dica, alguma coisa que o faça entender essas passagens. Não sei até que ponto este recurso ajuda em uma narrativa. As passagens ficam misturadas e o leitor perde o rumo. Existem, claro, alguns autores que se utilizaram desta técnica, mas que conseguiram prender o leitor e trazê-lo de volta para a história central do livro. Mas não pense que com Leite Derramado isso vai acontecer.
Outro aspecto interessante é a estrtura do livro: capítulos de quatro a seis páginas e apenas uma parágrafo. Acredito que ele preferiu usar apenas um parágrafo para 'casar' com a idéia de um pensamento, um remake ou um flash de algum momento passado.
A experiência com Leite Derramado rendeu a seguinte pergunta: Como é que uma pessoa que compõe 'Eu te amo', que me faz chorar toda vez que escuto, consegue produzir um livro assim?
Bom, bastou para entender que nesta vida não se pode ser bom em tudo.
Ficha técnica
Leite Derramando
Chico Buarque
Número de páginas: 195
Editora: Companhia das Letras
Preço médio: R$ 30
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